“PAI SERÁ QUE ELE NÃO PERCEBEU QUE SAIU SEM ROUPAS DE CASA?"
Por: Vitória Messias e Tayna Andrade
Criado em 25/09/2019

Montagem-agencia SE7EN
Numa tarde de sexta feira nublada em setembro, decidi visitar a galeria de Moscou, no centro de fotografia Irmãos Lumière. Na tentativa de aliviar o tédio, me pareceu válido. O pequeno prédio parecia estar imerso em um mundo distinto, que por incrível que pareça me chamou a atenção. Quando entrei, foi difícil assimilar aquilo que estava acontecendo, Um protesto de nudez inundava o lugar, com fotografias de um americano, Jock Sturges, nu acompanhado de seus pais. Apesar da confusão que claramente rondava minha cabeça, pude perceber que não era o único. Perto de uma das fotografias expostas, estava um garoto que aparentava ter seus 7 ou 8 anos, junto de seu pai, que parecia muito tímido e sem palavras para responder qualquer questionamento que fosse feito.
O garoto, bastante assustado, também exalava ar de curioso. E não demorou muito para que as primeiras perguntas surgissem.
“Pai, por que ele está fazendo isso?”
Gaguejar foi inevitável, e na falha tentativa de resposta, predominou o silêncio, que pareceu a atitude mais sensata naquele momento. Mesmo assim, o pequeno curioso não se contentou. Olhou mais algumas fotos, andou pela galeria, tentando conseguir suas próprias respostas.
Na minha cabeça, as coisas estavam começando a fazer sentido, mas como posso comparar a minha mente, de um adulto com 30 anos, a de um menino de 7? Podia imaginar como sua cabeça estava confusa e a sua curiosidade me interessava cada vez mais. Me peguei mais atento ao garoto do que a própria exposição. Não satisfeito com o silêncio do pai, ele perguntou novamente:
“Pai, será que ele não percebeu que saiu sem roupas de casa?”
Minha risada foi involuntária. O garotinho me olhou imediatamente, e pareceu gostar que alguém finalmente tivesse entendido o que ele estava querendo dizer. E não é que fazia mesmo sentido? O menino ficou na minha mente durante dias, martelando minhas ideias. Se nossa percepção e inocência fosse como a daquela criança, a exposição não teria sido fechada e a vida seria muito mais divertida de se viver.